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POESIAS

1.5 - Ruídos da intolerância... O Grito das minorias

Ele grita: - Olha a pilha... Olha a pilha...
Um real é um real
Empilha papelão e papel
defende o pão nosso
Empilha seu pão
todo dia...
Outro grita - meu Cristo
na cruz ou no céu
Vem aqui estou ‘Cristo’ também
Crucificado sem trabalho e sem fé...
Minha sombra está nas ruas
sem luz e na amargura...



2.5 - O vinho dos trapeiros

"vê-se um trapeiro que vem, cabeça inquieta,
Catando e se apoiando em muros feito um poeta,
E, sem se inquietar com delatores, seus senhores,
Seu coração todo se abre a projetos sonhadores.

Presta juramentos, dita sublimes leis,

Arrasa pecadores, vítimas levanta,

E, sob o céu como um sólio suspenso,
Se embriaga no esplendor de sua virtude imensa."



(Baudelaire, 1849)
Fonte: Livro, Paris, Capital século XIX, Walter Benjamim


3.5 - Magia do Lixo Reciclável

O lixo que é aproveitável ... 
Chama – se lixo reciclável ! 
Reciclar é uma linda e surpreendente magia , 
Que transforma sucata em alegria ! 

Pneus carecas viram divertidas bóias ... 
Palitos de picolés viram porta – jóias ! 
Papéis de bala e tampinhas de latas viram fantasias ... 
Carnavalescas , luxuosas e com mais de mil harmonias ! 

Folhas usadas viram novos cadernos ... 
Protegendo as árvores de um jeito terno ! 
Garrafas quebradas viram bijuterias ... 
Com brilhos , charmes e simpatias ! 

Palitos de fósforos queimados viram brinquedos ... 
Sem perigos , sem mistérios e sem medos ! 
O lixo que é aproveitável ... 
Chama – se lixo reciclável ! 

Reciclar é uma linda e surpreendente magia , 
Que transforma sucata em alegria . 

Autora: Luciana do Rocio Mallon


  4.5 - O catador

  Um homem catava pregos no chão.
Sempre os encontrava deitados de comprido,
ou de lado,
ou de joelhos no chão.
Nunca de ponta.
Assim eles não furam mais - o homem pensava.
Eles não exercem mais a função de pregar.
São patrimônios inúteis da humanidade.
Ganharam o privilégio do abandono.
O homem passava o dia inteiro nessa função de catar
pregos enferrujados.
Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.
Estado de pessoas que se enfeitam a trapos.
Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser.
Garante a soberania de Ser mais do que Ter.

                                                     Tratado geral das grandezas do ínfimo,  Editora Record - 2001, pág. 43.
Manoel de Barros
5.5 - Morte e Vida Severina

"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida severina."

João Cabral de Melo Neto 

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